Quinta-feira, 13 de Fevereiro de 2014
O líder da Renamo, Afonso Dhlakama, disse hoje, em entrevista telefónica à agência francesa AFP, que conta sair em breve do esconderijo onde se encontra desde outubro.
Ao telefone, a partir de localização desconhecida, Afonso Dhlakama disse que as conversações iniciadas com o Governo estão a começar a dar frutos, podendo abrir caminho ao seu regresso à vida pública.
"Se tudo correr bem, pode acontecer já amanhã", realçou, optimista, o líder do principal partido da oposição moçambicana. "Tudo depende das negociações", resumiu.
Em anterior entrevista telefónica à agência de notícias portuguesa Lusa, em dezembro, Dhlakama já havia confirmado que a Renamo tenciona concorrer às eleições gerais agendadas para outubro, que antes tinha ameaçado boicotar.
Afonso Dhlakama concorreu a todas as eleições presidenciais, sem nunca vencer nenhumas, desde a assinatura do acordo de paz que, em 1992, pôs fim à guerra movida pela Renamo, que durou 16 anos e causou cerca de um milhão de pessoas.
Simultaneamente, a base eleitoral da Renamo decresceu de 47 por cento, em 1999, para 16 por cento, em 2009.
No final de 2012, Afonso Dhlakama e a Renamo regressaram aos tempos de guerrilha, reocupando a base ocupada durante a guerra, emboscando as tropas governamentais e atacando infraestruturas públicas.
Em outubro, as forças armadas moçambicanas atacaram e ocuparam a base de Sandjundjira e Dhlakama mudou-se para parte incerta.
No final do mês passado, as duas partes acordaram em iniciar negociações.
O Governo moçambicano já deu a entender que está disposto a ceder nalgumas das exigências da Renamo, nomeadamente aumentando os membros da comissão eleitoral, de 13 para 17, possibilitando assim que os partidos da oposição ocupem mais lugares.
Porém, a violência não cessou com o início das negociações e ambas as partes continuam a trocar acusações sobre ataques na região central da Gorongosa.
À AFP, Dhlakama confirmou os mais recentes confrontos, nesta semana, mas garantiu ter ordenado um cessar-fogo e que a Renamo está a ripostar por autodefesa.