Quarta-feira, 26 de Fevereiro de 2014
Cerca de 23 mil bebés morrem todos os anos, em Moçambique, durante o parto ou no primeiro dia de vida. A informação consta do relatório “Acabar com a morte de recém-nascidos e garantir a sobrevivência de todos os bebés”, publicado ontem pela organização não governamental “Save the Children”.
O relatório revela, ainda, que cerca de 40 milhões de mulheres no mundo dão à luz sem nenhuma assistência de parteira ou de pessoal de saúde equipado e capacitado, facto que eleva, muito, o índice de mortalidade infantil. E das mães. No caso de Moçambique, em cada mil mulheres, 490 morrem a dar à luz.
A directora de Desenvolvimento e Programa de Qualidade da “Save the Children” considera um crime que muitos recém-nascidos morram por falta de assistência do pessoal de saúde. “É um crime. Muitas destas mortes poderiam ser simplesmente evitadas, se houvesse alguém por perto para se certificar de que o nascimento ocorreu em segurança e o que fazer numa situação de crise”, salientou Lesley Holst.
Os dados avançados no documento indicam que, só em Moçambique, cerca de 22 722 recém-nascidos morrem anualmente, dos quais 10 mil durante o parto e 12 722 no primeiro dia de vida, o que estabelece o “macabro” rácio de 30 mortes por cada mil recém-nascidos.
As chuvas intensas que se registam nos distritos de Namacurra e Maganja da Costa, na província central da Zambézia, destruíram totalmente na semana passada cerca de 6.500 hectares de campos agrícolas e 1.340 casas, anunciou ontem, o porta-voz do Conselho de Ministros, Henrique Banze.
No mesmo período, as chuvas deixaram submersos mais de sete mil hectares de culturas agrícolas, inundaram cinco mil casas, mais de 450 salas de aulas e sete casas de culto, para além das estradas que ficaram intransitáveis.
Banze que falava minutos após o término da V Sessão Ordinária do Conselhos e Ministros, havida nesta terça-feira, em Maputo, disse ainda que já há registo de um número crescente de casos de cólera associados as chuvas nas províncias da Zambézia e Nampula, mas que ainda não há ocorrência de óbitos.
“Nesta altura temos problemas de cólera e que as autoridades governamentais e outras ligadas ao processo estão sempre a monitorar. Tivemos 43 novos e, felizmente, nenhum óbito. Estão a ser tomadas medidas permanentes de educação cívica e tratamento de água, no sentido de garantir que outras pessoas não sejam afectadas pela doença”.
O governo está a envidar esforços para a monitoria e assistir as populações afectadas em termos de alimentação e saúde.
A bacia do Licungo, na Zambézia, tem-se caracterizado pelo aumento do seu caudal, devido a ocorrência de intensas chuvas naquela região do país e nos países vizinhos.
A previsão meteorológica indica que, nos próximos dias, haverá continuação das chuvas, em todo o país, mas com maior intensidade nas zonas norte e centro.
Nos países vizinhos prevê-se um abrandamento das chuvas, o que significa que os caudais dos rios poderão reduzir.
“Mas teremos que continuar a monitorar as zonas norte e centro, por causa da intensa chuva que está a ocorrer”, disse o porta-voz, para de seguida advertir que “algumas bacias ainda se mantêm acima do alerta”.
Banze garantiu que o Instituto Nacional de Gestão de Calamidades (INGC) continua em estado de prontidão para responder às situações de emergência devido as calamidades.
Pelo menos 21 pessoas morreram e 141 contraíram ferimentos, das quais 49 em estado grave, em consequência de 56 casos de acidentes de viação registados semana passada no país.
O porta-voz do Comando-Geral da Polícia da República de Moçambique (PRM), Pedro Cossa, disse ontem que a maior parte dos acidentes resultou de imprudência e irresponsabilidade de alguns condutores, principalmente de transporte de passageiros.
Para colmatar práticas que concorrem para o derramamento de sangue nas estradas, Cossa avançou que “o facto não pode ser combatido apenas pela Polícia, sendo necessário que todos nós assumamos as nossas responsabilidades quer como proprietários, quer como membros da sociedade”.