Quinta-feira, 13 de Fevereiro de 2014
A Amnistia Internacional (AI) denunciou, ontem, que as Forças Internacionais de paz não conseguiram evitar uma “limpeza étnica” de civis muçulmanos no oeste da República Centro-Africana (RCA). A ONG defensora dos direitos humanos fez um pedido para que as comunidades muçulmanas fossem protegidas das milícias Antibalaka - formadas por civis cristãos - acusadas por aquela organização de “violentos ataques”.
Em comunicado, a AI pediu que “as forças de paz internacionais forneçam tropas suficientes aos povoados onde os muçulmanos se encontram ameaçados”. Ban Ki-moon, secretário-geral da ONU, falou - pela primeira vez desde o início da crise, em 2013 - da possibilidade de o país ser dividido em dois territórios: um católico e outro muçulmano.
Dos ataques, tem resultado “um êxodo muçulmano de proporções históricas”, disse Joanne Mariner, conselheira para situações de crise da AI. Além disso, Joanne criticou a “resposta tíbia” da comunidade internacional a esta crise, pois, segundo avaliou, as forças de paz foram reticentes em desafiar as milícias Antibalaka e reagiram com lentidão na hora de proteger a minoria muçulmana. As forças de paz “facilitaram a violência em alguns casos, ao permitirem que as abusivas milícias Antibalaka preenchessem o vazio de poder”, criticou Donatella Rovera, outra especialista em crises da AI.
A República Centro-Africana mergulhou no caos desde que, em Março de 2013, a coligação Séléka, de maioria muçulmana, derrubou o governo do país, maioritariamente cristão, desencadeando uma espiral de violência sectária, que já causou milhares de mortos e centenas de milhares de deslocados.
A delegação da AI falou com centenas de vítimas da violência e documentou ataques repetidos e em larga escala das milícias Antibalaka contra civis muçulmanos em Bouali, Boyali, Bossembélé, Bossemptélé, Baoro, Bawi e na capital, Bangui.